domingo, 17 de outubro de 2010

Xadrez


                      Parece que todos nós nascemos com uma tendência clara: a de separar o feio do bonito, o triste do feliz e por consequência; o certo do errado. Seremos bons e seremos salvos assim que nossas vidas asumirem um aspecto de tabuleiro de xadrez; preto e branco - uma divisão simples à primeira vista, mas preste atenção - se você esmiuçar esse famigerado quadrilátero bicolor será uma uma experiência decepcionante, você não será salvo (muito pelo contrário). E por quê não? Porque o jogo é complexo. Não é preto e branco tal qual aparenta, entre suas laterais existem fronteiras e elas têm o poder de nos enlouquecer (existem tons de cinza!). Os tons de cinza são perigosos, são uma nova perspectiva para o bem e para o mal, nos tiram do conforto da certeza, da cartilha que outrora nos ensinaram exaustivamente. Daí o feio não é tão mau e o bonito perde a graça porque não nos faz tão feliz assim, existe uma carência suprida de um lado, o outro lado da face, o lado do beijo talvez...Assumimos - mesmo que inconscientemente que tudo foi ensinado ao contrário, razão pela qual o jogo é árduo e turvo, eis o motivo pelo qual ficamos cegos mesmo diante de duas - apenas duas! - cores. Mas se abster dos tons também não se mostra de bom tom e a dor que se carrega dias/meses/anos são compensados por um minuto de prazer que significa ultrapassar a fronteira que o tabuleiro esconde sorrateiramente. E o que fazer? Pois bem, mover-se! Afinal de contas as torres nem sempre serão ortogonais, a Rainha poderá não usar da liberdade de andar livremente entre as casas e o seu Rei finalmente será capturado. Fim de jogo. Xeque - (Mate) ! 





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